UMA VIDA AO SERVIÇO DOS MAIS POBRES

Título - "Tudo é Graça. A revolução de Dorothy Day"
Autor - Jim Forest
Editora - Paulinas 
Recentemente decorreu na Universidade Católica de Lisboa o congresso dos Profissionais Católicos. Muitas pessoas e movimentos apresentaram as suas experiências e inquietações específicas de cada setor profissional. 
Escolhemos este livro, porque também nos remete, nas suas 479 páginas, para um tempo longo de intervenção comunitária no mundo do trabalho, calcorreando um percurso de fé muito determinado e sofrido.
Esta é ainda uma oportunidade para conhecer, em contextos muito próprios, os trilhos da vida de Dorothy Day (1897-1980) na fundação do Movimento do Trabalhador Católico, apoiado por um jornal, desdobrado em centros de acolhimento urbanos e rurais, suportado em voluntários que se foram juntando e construindo espaços de igreja muito heterogéneos.
O convívio próximo e prolongado do autor (*) com Dorothy Day (agora em processo de beatificação), tornaram-no uma das pessoas mais competentes para dar a conhecer o perfil desta mulher determinada e empenhada na defesa dos mais desprotegidos e injustiçados, guiada pela certeza da fé e pela confiança que depositava na vida dos santos e do seu impacto sobre o mundo.
Dorothy Day foi portadora de uma mensagem muito forte para o seu tempo. Foi nos anos trinta do século XX, com a Grande Depressão Americana e em muitos outros contextos sociais e políticos agrestes, suportada em vários saltos de fé, que reconheceu  nos homens o " Cristo que está no meio de nós - não um Cristo limpinho, bem esfregado, domingueiro, mas um Cristo para os dias de semana, um Cristo com roupa remendada, um Cristo dos bairros de lata e das casas degradadas, um Cristo sem casa nem emprego, um Cristo da sopa dos pobres".
A complexidade e riqueza do seu percurso de vida, levou o Papa Francisco a reconhecer publicamente durante a sua recente visita aos Estados Unidos que "o seu ativismo social, a sua paixão pela justiça e pela causa dos oprimidos foram inspirados pelo Evangelho, pela sua fé e pelo exemplo dos Santos".

 O leitor poderá ainda ficar surpreendido com  o depoimento de José Manuel Pureza, que fez o prefácio à edição portuguesa, reconhecendo a dada altura "que o que marca esta vida,  o que dela fica de profundamente interpelador, o que anima a consideração de Dorothy Day como uma referência para a comunidade dos/as crentes é a essencial continuidade da sua paixão pelos pobres, pelos marginalizados, pelos desconsiderados".
Dorothy alimentou a convicção de que o mundo melhoraria de forma significativa se os cristãos estivessem dispostos a procurar o rosto de Cristo nos outros, sobretudo nos pobres e nos condenados e nas pessoas que tantos de nós tendemos a evitar.

 (*) Jim Forest - escritor, teólogo leigo, educador e ativista pacifista, nasceu no Utah (EUA) em 1941. Conheceu Dorothy Day quando visitou a sede do movimento do Trabalhador Católico e aderiu de forma imediata ao movimento e às suas causas.


Manuela Ludovino – in Jornal “Grito Rural”