FORMAR PARA UMA ECOLOGIA INTEGRAL

Este foi o tema que os militantes da ACR de Lisboa abraçaram para refletir neste início de Quaresma. O Encontro realizou-se na Casa do Oeste, em Ribamar da Lourinhã, no domingo 10 de março e ultrapassou a meia centena o número de participantes desta atividade.

A reflexão do dia teve a colaboração da Drª Maria Eduarda Ribeiro, dirigente da Rede da Casa Comum. Desta ressaltamos as seguintes Conclusões:

1.  A Terra, a nossa Casa Comum, está hoje a viver uma emergência ecológica motivada sobretudo pelas atitudes e comportamentos humanos.

2.  A cultura contemporânea quer tudo e já, não olhando a meios para satisfazer a sua ganância, destruindo o equilíbrio e os recursos de uma forma já praticamente irreversível.

3.  Neste percurso o fosso entre ricos e pobres tem vindo a aumentar permanentemente criando desigualdades sociais que colocam em risco a dignidade de muitos filhos de Deus.

4.   Apesar do que já sabemos hoje sobre as consequências de continuarmos neste caminho de consumismo desenfreado e de nos discursos já a maioria das pessoas mostrar ter consciência de que é necessário mudar de rumo, os nossos comportamentos não se têm alterado significativamente.

5.  É necessária uma Educação Ecológica que promova a indispensável mudança, “o coração humano tem que mudar” (Papa Francisco). É-nos pedido que a dimensão da fé seja valorizada e elevada à capacidade interventiva e crítica, no sentido de denunciar o que está mal e ajudar a construir o caminho. O Papa Francisco, na Encíclica LaudatoSi, dá-nos imensas pistas para a necessária transformação e não tem medo de ser crítico relativamente ao modelo económico vigente, que não está ao serviço do desenvolvimento sustentável.

Face a estas conclusões os participantes partilharam as suas experiências em ordem a novas atitudes tomadas e a tomar no dia-a-dia e que passam pela conversão de um olhar consumista, individualista e materialista sobre o mundo para um olhar de contemplativo, de gratidão e de partilha com toda a “Criação”. Chegou-se deste modo aos seguintes desafios/compromissos:

  Cada um de nós deve dar um testemunho de responsabilidade social e ecológica.

É importante estarmos presentes na construção dos orçamentos participativos das autarquias e aí serem feitas propostas de políticas mais amigas da ecologia integral.

  A urgência da mudança torna indispensável que nos organizemos de várias formas com vista à implementação dos «5 Rs» (Reciclar, Reutilizar, Reduzir, Recusar e Repensar), em casa, na escola, nos nossos locais de trabalho, pois o nosso testemunho pode ajudar a discernir sobre a realidade que nos rodeia e a mudar os comportamentos de outros.

  É fundamental que além de alterarmos as nossas práticas tenhamos a coragem de fazer propostas políticas de alterações profundas no modelo económico para que progressivamente se passe de uma economia baseada em conceitos capitalistas e consumistas para uma economia circular em que os bens são produzidos para ciclos de vida longos e as pessoas adotem comportamentos de consumo mais frugais de acordo com as suas necessidades reais.

Tiago Isabel e Rosália Batalha (pela Equipa Diocesana da Ação Católica Rural)