PÁSCOA EM BISSAU – TESTEMUNHO

O Pe Batalha recebeu do nosso Delegado da Fundação João XXIII/Casa do Oeste, da Guiné-Bissau, o Prof guineense Raúl Daniel, este belo testemunho:

«Do fundo do coração estou feliz, por pertencer a uma das paróquias mais dinâmica em Bissau, Santo António de Bandim. Vivi a Pascoa olhando admiravelmente  o crescimento das 4 comunidades   da paróquia. Perante milhares de pessoas que cantaram, rezaram com ramos de palmeiras nas mãos pelas Avenidas do Bairro , celebrando a entrada do Rei em Jerusalém no Domingos de Ramos. Como se não bastasse, milhares dos paroquianos só de comunidade Central Bandim, rezaram sem cansar toda a  noite e todo o  dia de quinta-feira e sexta-feira Santa. Fizeram via-sacra ao vivo, percorrendo a volta ao  Bairro de Mindará, sem se preocupar com sol ardente   e o muito calor que fazia. Tudo veio a terminar  só as 18 horas depois de adoração de cruz e comunhão. Sábado santo  perante milhares de pessoas só comunidade de Bandim, participaram na celebração litúrgica que começou 21 horas com a bênção do Fogo e só terminou  as duas (2) horas de madrugada com 212 batismos de novos cristãos -  isto é,5 horas de tempo. Que Jesus Cristo Ressuscitado  faça mais Cristãos capazes de converter do fundo de coração e mudar a mentalidade dos cidadãos sobretudo os políticos Guineenses.  Continuação de Boa, feliz e santa Páscoa».
Raul Daniel

 DISCURSO DO PE BATALHA (presidente do Conselho de Administração da Fundação João XXIII) no encerramento em Bissau da Conferencia sobre 25 anos de Solidariedade com a Guiné
Amigos
Esta Conferência faz-me recordar a vocação abraâmica da nossa Fundação: «Deixa a tua terra e vai à terra que Eu te indicar…» e viemos parar à Guiné.
Hoje podemos alegrar-nos e, contemplando a solidariedade realizada, também podemos dizer que vimos que é bom o que fizemos.
Abrindo as nossas portas, saímos às periferias dos mais pobres, conforme nos propõe o papa Francisco. Abrimos a nossa relação ecuménica na dimensão humanitária: com a Igreja evangélica em Ondame, com a Casa Emanuel em Bissau e com vários muçulmanos.
Deus obrigado ! Graças a Deus.
Assim alcançámos os objectivos da Fundação João XXIII que são baseados em valores e princípios partilhados, inspirados na Sagrada Escritura e na doutrina social da Igreja, com a ideia de construir uma civilização do amor (Paulo VI) fundamentada nos valores da fraternidade em confiança mútua e diálogo franco e aberto, do respeito pela dignidade da pessoa humana, da opção pelos mais pobres, da solidariedade que não é um simples sentimento de compaixão, mas determinação firme e perseverante de trabalhar para o bem comum, de todos e de cada um, do respeito pela cultura e tradição local.
Porque acreditamos que o desenvolvimento é fruto da justiça, da paz e da solidariedade.
Os voluntários que se disponibilizam a participar no projecto “Férias Solidárias”, organizadas pela Fundação João XXIII/Casa do Oeste, são pessoas do meio rural e de modestos recursos financeiros, como já referi na 1ª comunicação. Porém o que nunca é demais sublinhar, é o facto de o povo da Guiné ter abraçado esta iniciativa promovendo-a e desenvolvendo-a como sua, conseguindo-se, nesta partilha evangélica, realizar a obra que se tem visto crescer. Mas convosco também nós aprendemos muito:
1.      Aprendemos a valorizar o nosso País e as coisas que têm;
2.      A entender, com muito mais clara evidência, as coisas que são essenciais à vida e as que são perfeitamente supérfluas;
3.      Aprendemos a tomar consciência de que tudo o que possuímos não pode ser gasto de qualquer maneira, quando milhões de seres humanos, todos os dias, lutam desesperadamente pela sobrevivência.
Temos consciência de que os nossos gestos de solidariedade não chegam para salvar o mundo. Porém, ajudam a desenvolver o povo guineense ou ajudam a salvar a vida de uma criança… São gestos tão marcantes que nos acompanharão muito para além do espaço e do tempo.
Verificamos que na vossa sociedade civil se tem operado uma grande mudança no aspecto juvenil do desenvolvimento. A nova geração está a assumir as responsabilidades com qualidade: o prof Raúl Daniel nesta Escola/CESJ, o Leandro na COAJOQ, os jovens da Rádio da Região de Biombo e outras, a Francisca na AIDA, no Hospital Simão Mendes, o director da Clínica de BOR preocupados com a honestidade no trabalho (eliminando as cunhas), a limpeza, a higiene e a dedicação…
O nosso olhar é de esperança. Apenas faço algumas referências  a exemplificar:
- O projecto da Visão, liderado pelo Dr. Luís Gonçalves. A partir da Cumura, não só pelas maravilhas que aí realizam, recuperando a vista a muita gente, mas sobretudo que ele possa ajudar a formar oftalmologistas guineenses para servir as populações e não apenas os interesses pessoais…
- O projecto do barco-ambulância ainda por concretizar…
- O projecto de Parceria com a AIDA (Ajuda-Intercâmbio-Desenvolvimento em Associação) para salvar vidas, recuperando a saúde a muitas crianças que vão a Portugal ser operadas…
- O projecto de desenvolvimento agrícola com a COAGRI em Quinhamel…
- Mais referências haveria para fazer…
Uma só conclusão: a Guiné tem futuro com a sua juventude.
Nós, na Fundação João XXIII, vamos também prosseguir a cooperação, com todo o sentido das nossas responsabilidades e de acordo com as nossas possibilidades.
Teremos sempre bem presentes dois grandes desejos muito fortes:
um para vós e outro para nós.
·         A vós desejamos que tenhais condições para continuar a atender, prioritariamente, as necessidades mais prementes.
·         E a nós desejamos que, a partir da aprendizagem convosco, saibamos realizar, algo de semelhante, em Portugal, ao que vem sendo realizado aqui;
na verdade, as nossas perspectivas económicas e sociais, particularmente no que se refere ao desemprego, são pouco animadoras, e convidam-nos a descobrir caminhos diferentes dos  percorridos até agora.
Termino com uma referência especial à nossa retaguarda em Portugal:
·         Primeiro: gratidão, um grande «BEM-HAJAM» a todos os voluntários que já fizeram esta experiência de virem à Guiné e aos que, em acções de sensibilização em diversas escolas de Portugal divulgaram os projectos e sensibilizaram jovens e adultos para a solidariedade convosco; mas também aos muitos (já referidos na m/ 1ª comunicação) que na retaguarda nos têm ajudado a levar por diante esta luta pelo bem da «Casa comum», aqui na Guiné.
·         Segundo: a nossa muita gratidão aos nossos dois Delegados. Prof. Raúl Daniel e Leónico da Silva/DU a vós Obrigado! Obrigado! Obrigado!
·         Por último, não menos importante: agradecemos, especialmente aos nossos familiares, todo o apoio incondicional que nos prestam, o que nos permite ser voluntários e estar aqui convosco, a todos se estende o nosso Abraço.
Paz e Bem! Ámen!