EXPLORAÇÕES
FAMILIARES AGRICOLAS.
NO
OESTE TEMOS MUITOS BONS EXEMPLOS DESTAS EXPLORAÇÕES. AQUI DESCREVEMOS UM CASO
EXEMPLAR.
“O ano 2014 foi proclamado pelas Nações Unidas
como o Ano Internacional da Agricultura
Familiar para concentrar toda a atenção do Mundo sobre a função da mesma na
redução da fome e pobreza, na criação e valorização de emprego, em assegurar um
futuro competitivo e uma qualidade de vida comparável com a de outros sectores,
motivando a adesão dos jovens, assim como a protecção do ambiente e da
biodiversidade.
É de crucial importância contar no futuro com uma agricultura dinâmica, moderna e resistente que assegure um futuro viável às explorações familiares. Consideramos que uma das maneiras de o conseguir, passa pelas boas práticas agrícolas, pelo compromisso total, abnegado e confiante das pessoas, das famílias como a breve e exemplar história de vida que se apresenta.
O fruticultor António Martins nasceu em Alvorninha em 1942 numa família de
agricultores tendo começado desde cedo (após a instrução primária) a ajudar nas
actividades agrícolas familiares. No entanto, já nessa altura se adivinhava uma
vontade de fazer diferente, de descobrir e desbravar caminhos que foi pondo em
prática nos 10 ha que explora.
1963
- 1966
Tal
como a maioria dos jovens da sua geração, o Ultramar foi o seu destino e foi aí
que deu início à sua actividade profissional de modo independente. Trabalha
como polícia militar em Moçambique e passou algum tempo a trabalhar como
carpinteiro na África do Sul.
1966
- 1988
Com
o retorno do Ultramar dá-se o início da actividade agrícola numa lógica de
continuidade e de rotura com a actividade familiar. Às culturas tradicionais de
vinha e de trigo que vinham a ser feitas, junta-se a fruta e a pecuária . Em
1965 planta o primeiro pomar de pêra Rocha e arranca a produção de fruta pela família Martins (António e Maria
Celeste).No que toca à pecuária, explora a produção industrial de coelhos,
frangos, porcos e vitelos. A produção de trigo é abandonada mas continua a
produzir vinho e a adaptar as várias vinhas a uma mecanização crescente da
produção.
Com
os anos, também a pecuária e o vinho acabam por ser subtituídos gradualmente
pela produção de fruta – nomeadamente pêras e maçãs. Várias são as inovações
que vão tendo lugar ao longo dos anos – desde o pulverizador das vinhas com um
tractor até ao primeiro pomar super-intensivo a ser plantado na zona, passando
pelos primeiros pomares a terem rega gota-a-gota no concelho.
Várias
são também as suas acções no sentido de melhorar a rede viária que começa a ser
feita na freguesia. Estes esforços marcam o início de todo um percurso
profissional caracterizado pelo associativismo e pela defesa dos interesses da
região, do concelho, da freguesia e do lugar.
Ao
nível da comercialização, o destaque vai para os mercados – desde o mercado
abastecedor do Barreiro e de Lisboa até ao mercado do Relógio em Lisboa.
1988 - 2008
Com
a apresentação do primeiro projecto de candidatura a fundos europeus, através
do IFADAP em 1988, formaliza-se a opção que já vinha a ser tomada de
especialização na produção de fruta. Durante vários anos, vários projectos de
investimento foram apresentados e aprovados permitindo a conversão de diversos
terrenos para a produção de fruta – através da plantação de novos pomares;
optimização da produção de fruta – através da compra de alfaias agrícolas e
instalação de sistemas de fertirrigação automática entre outros; assim como uma
optimização ao nível da comercialização – através da construção de câmaras
frigoríficas.
Este
processo levou a uma alteração ao nível da comercialização. Se até então a
comercialização da fruta se fazia em mercados, a partir deste momento dá-se
início à adesão a cooperativas para comercialização da fruta produzida
nomeadamente através do Merco Alcobaça e mais tarde da ObiRocha.
Ao
nível de métodos de produção foi notória a crescente sensibilidade para métodos
de produção cada vez mais amigos do ambiente. Em 1993, torna-se num dos
primeiros fruticultores do país a aderir ao modo de protecção integrada e em
2003 começou o processo de conversão dos terrenos para o modo de produção
biológico tornando-se no primeiro produtor de diospiros biológicos do país.
2011
– presente
É
sócio fundador da Sabor Bio, onde
auxilia a filha no desenvolvimento das diferentes actividades nomeadamente na
produção das aguardentes.
A
família Martins sempre acreditou que
a união faz a força e que nada se faz sem aprendizagem e troca de experiências.
O patriarca foi sempre pioneiro no movimento associativo e nunca descurou a sua
formação e a busca de novas ideias, técnicas e conhecimentos. É de realçar o
seu empenho na criação da Agropal – Sociedade Agro-Pecuária de Alvorninha (1970
– 1993), da Associação de Desenvolvimento Económico e Social da Freguesia de
Alvorninha (1971 – 1974), da Associação Recreativa Cultural e Desportiva da
Moita (1982 – presente), Merco Alcobaça – Mercado de Origem (1990 – 2000),
AVAPI – Associação para a Valorização Agrícola em Protecção Integrada (1993 –
presente), ObiRocha (2001 – 2007).
O
exemplo do pai ficou patente e marcado nos caminhos de vida de dois dos seus
filhos – Octávio e Ana.
O
Octávio assumiu a exploração agrícola em modo de produção biológico e, em
conjunto com a esposa Sandra, abriu, nas Caldas da Rainha, uma loja
exclusivamente dedicada à venda de produtos biológicos certificados (Biológicos
da Rainha – BIO.R - http://biorainha.blogspot.pt/)
onde comercializa a sua fruta, bem como um conjunto de outros produtos
biológicos frescos e embalados.
A
Ana criou a Sabor Bio (www.saborbio.pt) que, com os frutos de
produção biológica, se dedica à produção de licores e aguardentes, condimentos
e temperos bio e ainda possui uma linha de fruta desidratada.
TEXTO DE: Sandra Martins, A. Cristina
Rodrigues e José Alexandre Batista
Vem participar no Encontro de Agricultores
do Oeste com o Sr Patriarca, dia 12 de março, no teatro Eduardo Brazão das 15,00
às 19,00h.Contamos com a tua presença!