A reflexão necessária que impõe a todos
Com grande sentido de oportunidade a Casa do Oeste promoveu
uma conferência no passado dia 14 de
Abril sobre a floresta e as leis mais recentes a propósito da necessária limpeza
e reorganização da mesma. A intervenção foi da responsabilidade da Engª Rute
Santos da APAS Floresta que para além de dar a conhecer esta instituição
sediada no Cadaval, fez o ponto da situação florestal no Oeste, que aponta para
a falta de ordenamento e gestão florestais, o absentismo dos proprietários e
falta de fiscalização. Perante a urgência que é a necessidade de proteger
pessoas, edificações e florestas, os desafios que se levantam são a formação
dos intervenientes, a coordenação da gestão e a flexibilização de meios, da
aplicação de normas e da reflorestação. Numa perspetiva mais imediata da
urgência de proteger é decisivo que se faça a limpeza dos terrenos garantindo a
faixa de gestão do combustível.
A APAS Floresta aposta forte na formação nomeadamente no que
diz respeito ao uso do fogo, a faixa de segurança, a gestão o eucaliptal e a
enxertia do pinheiro manso. Tudo ações que pode encontrar no site da APAS.
Outro grande objetivo é a certificação da produção florestal do Oeste o que
implica que haja rearborizações, que as novas plantações sejam sujeitas ao
licenciamento obrigatório, que as normas técnicas sejam aplicadas bem como as
boas práticas de gestão florestal. Estas boas práticas significam que a
legislação florestal e laboral é cumprida, que não há mobilização de solos nos
termos que a lei prevê e que há controlo e registo de vendas. A certificação
facilita toda uma estratégia de marketing e consequentemente uma valorização da
produção florestal.
Naturalmente a discussão acabou por se centralizar na lei que
neste momento pressiona particulares e entidades pela obrigatoriedade de se
proceder à limpeza das florestas e das ditas faixas de segurança. Apesar das
dúvidas, defeitos e possíveis consequências económicas gravosas para alguns proprietários
reconheceu-se que a lei atual tem a virtude de ter posto a sociedade, de modo
geral, e os diretamente interessados, particularmente, a discutir a floresta. E
nesse sentido sugeriu uma grande oportunidade de pensar e repensar tudo para
levar a cabo uma verdadeira reforma da floresta e das práticas e políticas que
lhe estão subjacentes. Alguns exemplos sugeriram que o leitor interessado
nestes assuntos pode investigar melhor como é o caso do que está a fazer a
população de Ferraria de S. João.
As cerca de 50 pessoas que participaram nesta iniciativa da
Casa do Oeste tiveram intervenções muito diversificadas e notoriamente
revelaram conhecimento de causa e muito interesse em contribuir para as
mudanças que se impõem. Entre as muitas questões, surgiu uma que quase passou
despercebida mas que parece ser da maior importância para o futuro das próximas
gerações e do planeta. Aquilo de que se está a tratar neste momento é de
Floresta ou de culturas ou mesmo monoculturas florestais? A floresta não será antes
um ecossistema que deve ser mantido e protegido como tal? Ou seja não seria
importante definir com rigor o que é a floresta e o que é a cultura florestal?
Não precisarão as duas de tratamentos diferenciados? Não corremos o risco de
transformar toda a floresta em cultura florestal com objetivos económicos
comprometendo os equilíbrios ecológicos necessários para o futuro do planeta e
da humanidade? Não teremos que ver um bocadinho mais longe?
Paulo Santos