POLÉMICA NA LEGISLAÇÃO DO PLANTIO DE EUCALIPTOS

Na sequência de reuniões anteriores, a última das quais na Casa do Oeste, resultado de uma parceria entre a Fundação João XXIII Casa do Oeste e a COOPSTECO, realizou-se dia 12/1/2016, no Circulo de Cultura Musical do Bombarral, mais uma reunião de agricultores para abordar a temática do DL nº96 de 2013 sobre o plantio de eucaliptos. A palestrante foi a Eng florestal Rute Santos.

Um dos aspetos mais polémicos do Decreto Lei.96 de 2013 relaciona-se com o facto de ser omisso relativamente à distância a respeitar nas culturas vizinhas, anteriormente na ordem dos 20 a 30 metros.

Trata-se duma lei liberal e por outro lado, sem uma verdadeira estratégia agro-pecuária e florestal motivadora, que levou muitos proprietários a aproveitar as facilidades da lei para plantar indiscriminadamente. Assim durante 2 anos surgiram imensos pedidos de licenciamento que foram aprovados.

As reações e indignação surgiram, tendo desencadeado uma luta jurídica que concluiu haver uma lacuna na lei em causa que não revogou uma disposição anterior de 1927 que impunha a obrigatoriedade de deixar uma faixa de proteção em relação a culturas vizinhas. Pressionado, o Ministério acabou por determinar que, a partir de Outubro de 2015, se o terreno encostasse a campo agricultado seria obrigatório respeitar os 20 metros de afastamento, previstos na lei de 1927.

A confusão instalou-se com projetos aprovados e em implementação segundo a nova legislação de 2013 e outros recusados devido às normas emanadas do Ministério em Outubro passado.

A propósito desta acesa temática dos eucaliptos o Eng António Rodrigo chamou a atenção que não menos importante que as distâncias em causa é a definição exposta numa lei de 2008 de que a cultura do eucalipto é uma cultura agrícola, permitindo assim  a sua plantação na RAN e REN, em ótimos terrenos de várzea, facilitando a invasão desta cultura, podendo tornar-se hegemónica e ocupar terrenos de excecional  qualidade para produtos agrícolas de grande qualidade e em que não somos excedentários.

A sessão decorreu de modo muito animado com grande participação dos presentes. Gerou-se um consenso no sentido de que o resultado da nossa reflexão possa contribuir para a exigência de elaboração de nova legislação que defenda simultaneamente, de uma forma equilibrada  e com bom senso, os produtos florestais e agrícolas.

José Alexandre Batista