FESTA DA FAMILIA RURAL


Decorreu, no passado domingo dia 1 de Junho, a Festa da Família Rural, na Casa do Oeste, com a presença de muitos amigos e num dia de sol maravilhoso… A nossa Casa do Oeste estava cheia de luz e com uma paisagem pela frente (mar e campo) espetacular.

O Ano Internacional da Agricultura Familiar ficou marcado com 3 significativos momentos: a mesa redonda sobre a “Agricultura familiar e os grandes desafios”, a oficina sobre “seleção, conservação e proteção das sementes tradicionais” e o mercado, mostra-venda, com a presença de várias pequenas empresas familiares que expuseram os produtos que comercializam.

Na celebração da Eucaristia festejámos e agradecemos os dons da natureza, as beleza dos campos, os produtos da terra e a força e a luta dos que nela trabalham.

Os grupos da Ação Católica, com grande engenho e arte, animaram a tarde com canções, poemas, encenações… á volta da temática: “Construir agora um futuro com esperança…vamos cultivar a ética do suficiente…” A ética do suficiente exige que: em contraste com o dinheiro fácil, usemos a dignidade e a honestidade no trabalho; em contraste com o consumismo, vivamos sob a égide da sobriedade; em contraste com o egoísmo, pratiquemos a cooperação e abracemos o bem comum; em contraste com as desigualdades e as injustiças, usemos a justiça de Deus e a fraternidade.”







A AGRICULTURA FAMILIAR E OS NOVOS DESAFIOS


Promovida pela Fundação João XXIII-Casa do Oeste e pela Ação Católica Rural integrada na Festa da Família Rural, ocorreu no dia 1 de Junho, na Casa do Oeste, em Ribamar da Lourinhã, uma Mesa-redonda subordinada ao tema A AGRICULTURA FAMILIAR E OS NOVOS DESAFIOS para assinalar o Ano Internacional da Agricultura Familiar decretado pelas Nações Unidas.
Das comunicações apresentadas e do debate havido emana a seguinte reflexão:

1. A AGRICULTURA FAMILAIR E A SUSTENTABILIDADE DO MEIO RURAL
A agricultura de base familiar para auto consumo ou para comércio de proximidade é a forma agrícola predominante no sector de produção alimentar mundial.
Há mais de 570 milhões de explorações agrícolas no mundo. 500 milhões dessas explorações pertencem a famílias e são responsáveis por pelo menos 56% da produção agrícola mundial.
Na Europa a agricultura familiar representa 68% da produção.
Em Portugal e na nossa região oeste a agricultura familiar confunde-se com a agricultura nacional, uma vez que 96% das explorações agrícolas são familiares.
A agricultura familiar e de pequena escala está, intimamente, ligada à segurança alimentar mundial. Este tipo de produção tem muito mais baixos impactos ambientais, preserva os alimentos tradicionais, respeita os ciclos naturais,  além de contribuir para a proteção da biodiversidade, de sementes e variedades autotones. Impulsiona as economias locais e regionais e é, ainda, uma forma de sustento económico complementar ou alternativo.
Para a agricultura familiar ser considerada como uma profissão com estatuto é necessário salvaguardar o acesso á terra, ao crédito e aos seguros agrícolas.
É urgente repensar a organização dos agricultores, de modo a potenciar as relações comerciais e o poder negocial do sector da agricultura familiar perante um setor de distribuição alimentar organizado e concentrado.

2. EXIGENCIAS DA CONTABILIDADE FISCAL E OS PEQUENOS AGRICULTORES
A complexidade e rigor das exigências fiscais, a falta de informação e locais de atendimento e apoio aos pequenos agricultores têm levado a um clima de receio, desconfiança e descontentamento que terá como consequência o abandono da atividade agrícola.
 Fiscalmente existe a obrigatoriedade de abertura de atividade para toda a gente, podendo ser com contabilidade simplificada, com volume de negócios inferior a 200 000,00€.
Existem obrigações que passam pelo envio de faturas, pelo IVA trimestral, pela apresentação do IRS ou IRC e a declaração anual.

3. OS APOIOS À AGRICULTRA FAMILIAR
Embora o novo Quadro de apoio 2014/2020 vá potenciar o financiamento à organização de produtores e aconselhamento agrícola, aguarda-se ainda a sua regulamentação para ver como na prática irá ser concretizado.
Haverá incentivos à inovação e investigação aplicada. As designadas ajudas diretas/ 1º pilar, têm tendência a ser mais equitativas. Será potenciado o apoio à instalação dos Jovens Agricultores. O Eixo leader vai manter as suas atribuições enquadrando os investimentos até 25 000,00€.

A Fundação João XXIII e os Movimentos da Ação Católica Rural entendem que:
- A agricultura familiar merece o reconhecimento da sua singularidade enquanto estrutura de produção que se deve defender e dignificar pela vocação de âmbito  local e de mercado de  proximidade, de guardião da identidades e reportório genético e ambiental.  
- Os agregados de produção agrícola familiares, pelos laços sociais privilegiados,  assentam numa logica que não se cinge à financeira.
O novo regime fiscal chama à participação, nas responsabilidades fiscais, todos os portugueses não se escusando os agricultores. Alerta-se contudo para que estas exigências respeitem esta singularidade da agricultura familiar.
- Face à dificuldade de informação e à importância inicial de aconselhamento, a Fundação João XXIII propõe-se criar condições para um atendimento  aos pequenos agricultores. 
- Não poderá haver uma boa dinamização da bolsa de terras enquanto o Pilar I (ajudas diretas) mantiver as ajudas à superfície sem produção.

A Fundação João XXIII
A Ação Católica Rural